Bom, como dá pra perceber até agora, praga reserva inúmeras surpresas, de todas as formas e estilos. Um bom exemplo disso é o Bairro Judaico.
Este Bairro existe desde 1179, ano em que o Papa Inocêncio III decretou que cristãos deveriam afastar-se de judeus. Desde então, a comunidade judaica de Praga permaneceu 700 anos confinada em um gueto, cercado por um muro que só foi derrubado em 1848. Durante todo este tempo, não era permitido a estes que saíssem e a ninguém que entrasse. Todo o desenvolvimento da comunidade vinha de dentro. As pessoas nasciam e morriam sem contato com o mundo exterior (daqui a pouco vou falar do cemitério).
Durante o terceiro Reich, o país foi anexado. Porém, ao contrário dos outros países onde judeus eram exterminados e suas propriedades saqueadas e destruídas, o bairro judaico de Praga foi mantido intacto, por orientações de Hitler, onde ele pretendia deixar apenas uma família viva, vivendo dentro do que hoje é a Sinagoga Espanhola para servir no futuro como um "museu vivo de uma raça extinta".
Hoje, o Bairro Judeu se converteu em um dos pontos altos da visita a cidade. O memorial conta com um Museu, e engloba várias sinagogas e o antigo cemitério judaico. A sinagoga Pinkas, construída em 1535, é provavelmente a mais interessante entre as sinagogas do museu. Após a guerra, converteu-se em um memorial aos judeus mortos na Boêmia e na Morávia - em suas paredes estão os nomes de 77.297 deles, dizimados nos campos de concentração. As outras sinagogas são: Maisel, construída entre 1590-92 e renovada em estilo barroco em 1689 após um incêndio, funciona como local de exposições; A sinagoga Espanhola, um pouco mais afastada, de 1868, bastante curiosa pelo seu estilo mouro (mais um bom exemplo da diversidade de Praga); e a sinagoga Klausen, na saída do cemitério antigo, do final do século 17, reconstruída em torno de 1880.
Além destas, ainda há a Sinagoga Velha-Nova (Staronová), a mais antiga sinagoga da Europa Central e a mais antiga sinagoga ativa do mundo. Os serviços religiosos são celebrados (com o único intervalo nos anos da guerra de 1942 a 1945) desde o final do século XIII. No sótão da sinagoga, conta-se que está escondido o corpo de Golem - um ser gigante feito de barro, inseparavelmente ligado à atmosfera misteriosa de Praga e do próprio Bairro Judeu.
Mais uma lenda de Praga: O Golen
A lenda conta que o rabino Löw, de Praga, durante o século XVI, teria criado um golem para defender o gueto de Josefov contra ataques anti-semitas. O golem teria sido feito com a argila do rio Moldava. Seguindo rituais específicos, o rabino construiu o ser e fez com que ele ganhasse vida recitando um encanto especial em hebreu, e escrevendo na sua testa a palavra Emet, que em hebraico significa "verdade". O golem deveria obedecer ao rabino, ajudando e protegendo o gueto. Durante o dia, o rabino escondia o golem no sótão da sinagoga. Porém, o golem cresceu, se tornou violento e começou a matar pessoas, espalhando o medo. Foi então prometido ao rabino que a violência contra os judeus pararia se o golem fosse destruído. O rabino concordou e destruiu o golem apagando a primeira letra da palavra Emet que formaria a palavra Met que significa "morto" em hebraico. Lenda ou não, durante o terceiro Reich, dois soldados subiram ao sótão para verificar o que havia lá trancafiado e nunca mais voltaram. O Sótão está selado desde então e muitas pessoas que passam por ali, dizem ter visto algo. O fato é que depois do desaparecimento dos dois soltados até Hitler se colou receoso a respeito desta criatura.
Outro ponto interessante do bairro judaico é o antigo cemitério judaico. Possui aproximadamente 12 mil sepulturas, sendo o de maior número de sepulturas pela menor área existente (cerca de 1 hectare). Sem espaço para enterrar seus mortos, os judeus se viram obrigados a sobrepor lápides umas às outras. A mais antiga data de 1439, e até 1787, cerimônias fúnebres ainda eram realizadas ali. Existem lápides de estilo gótico tardio, renascentista, barroco e rococó.
Olá.
ResponderExcluirExcelente blog!!!
Conheci Praga em minha última viagem à Europa e fiquei encantada com sua beleza. O bairro Judeu é um dos pontos altos da visita, mas infelizmente tem uma história muito triste. Eu já tinha conhecido o Gueto Judeu de Varsóvia e tive a mesma sensação de tristeza em Praga.
Também tenho um blog onde relato as minhas viagens. Lá tem a minha viagem à Polônia e ao campo de Concentração de Auschwitz, que sem sombra de dúvidas, foi o lugar mais horripilante que conheci na vida!!!! Os judeus sofreram demais.
Se quiser conhecer meu blog, o endereço é este:
http://meamarroemviajar.blogspot.com
Um grande abraço.