Fazendo o caminho de Turista em Praga, ao sair do Bairro Judaico e avistar o magnânimo castelo sobre a colina, do outro lado do Moldava, uma olhadinha pra direita nos mostra, na praça Jan Palach, um imponente edifício neo-renascentista, apinhado de estátuas na parte superior. Esse é o Rudolfinum.
O Rudolfinum foi construído em entre 1873 e 1885, por um banco checo, para comemorar seu primeiro cinquentenário, e se tornar uma "casa de artistas". O bom e velho Príncipe Rodolfo foi o patrono da construção do edifício, que acabou levando seu nome. Ali se deu o primeiro concerto da Filarmônica Checa, conduzido pelo compositor Antonín Dvořák, que acabou por dar nome à sala principal do edifício. Na parte exterior, ostenta estátuas de vários compositores e artistas famosos, como o próprio Dvořák, Mozart (que viveu na cidade) e Beethoven, entre muitos outros.
Durante o tempo, esse edifício já foi utilizado, além de casa de exposições de arte e espetáculos, como parlamento e sede de polícia. Por falar nisso, adivinha qual prédio foi usado como sede durante a ocupação nazista?
Sobre isso, vale contar mais uma das lendas de Praga. Contam que, por ocasião de uma visita do Führer, a Filarmônica Alemã se apresentaria no lugar, para homenagear o homem. Quem mandava em Praga na época era nada mais, nada menos que Reinhard Heydrich, o protetor nazista de Bohemia e Morávia, braço-direito de Hitler, e apelidado carinhosamente de "carniceiro de Praga". Acontece que, nos preparativos, Heydrich ordenou a soldados que subissem no teto e sumissem com uma das estátuas, a de Mendelssohn, compositor judeu, não-ariano. Até aí, tudo bem. Mas você, caro leitor, saberia diferenciar, entre várias estátuas sem nome, quem é Mendelssohn? Fácil, né?
Conclusão: "Acho que é aquela ali..." Ainda bem que alguém percebeu a pequena falha a tempo. Os caras estavam retirando simplesmente a estátua de Richard Wagner, compositor prediletíssimo do Führer.
Depois da guerra, Rudolfinum se tornou residencia da Orquestra Filarmônica Checa, e é o palco do Festival de Primavera de Praga desde então.
Já que tocamos no nome de Mozart, falemos um pouco de sua passagem por Praga. "Meine Prager verstehen mich", minha Praga me entende, teria dito o compositor. Mozart se mudou de Viena para Praga após a ópera Bodas de Fígaro ter feito um sucesso estrondoso na cidade (ao contrário do que aconteceu em Viena), inclusive dito por Mozart ter sido este o dia mais feliz de sua vida. Um empresário da cidade bancou sua estada, para que ali compusesse uma nova obra.
Após alguns anos aproveitando os prazeres e os prazeres da cidade (ou usando isso como um analgésico pelo fracasso em Viena), Mozart compôs Dom Giovanni, talvez sua obra máxima, que estreiou no Teatro Estatal. A casa onde Mozart viveu continua lá, assim como teatro (na foto acima), e a cidade guarda com carinho as recordações da passagem do gênio por ali.
Pra finalizar, vale citar os teatros de marionetes e de luz e sombra de Praga. Os teatros de marionetes são montados com bonecos perfeitos (que podem ser adquiridos em lojas especializadas em Praga, um belo souvenir), inclusive apresentando obras consagradas, como o próprio Don Giovanni.
E o Teatro Negro de Praga, que é um tipo de representação que se caracteriza por utilizar um palco negro, com uma iluminação estratégica que dá lugar a um fantástico jogo de luz e de sombras. Nessa viagem não deu tempo de assistir nem um dos dois, mas está nos planos, né, Day?
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